sexta-feira, 21 de março de 2014

Afinal, o que é Comportamento? - Parte 2

(Sim, dormir e sonhar são comportamentos)

Como já vimos anteriormente, comportamento é ação (em relação com o ambiente).

Como vimos na postagem sobre mentalismo, na Análise do Comportamento não se trabalha com explicações metafísicas, trabalha-se com eventos naturais. Comportamento é um evento natural, passível de ser estudado por meio de um método científico!

Então, uma das primeiras práticas que devemos adotar na compreensão de mundo a partir do behaviorismo radical é que devemos transformar eventos internos (leia-se não são obras da mente) em ações. Por exemplo: não se está triste, está se comportamento de modo triste. Não é o pensamento, mas o pensar, não é a lembrança que veio a mente, mas é o ato de lembrar e assim por diante.

Falar que comportamento é objeto de estudo legítimo para uma Ciência que busca explicar as ações dos seres humanos é compreensível, mas essa afirmação ainda gera muitas confusões com nossos colegas das ciências humanas, pois eles ainda acreditam que Ciência é estudos no modelo Positivista.

Eles acreditam, assim, que só estudamos aquilo que é observável por mais de uma pessoa e que só estudamos algo que pode se chegar a um consenso acadêmico quanto sua interpretação. Essa ideias estão redondamente equivocadas:

1. Como buscamos produzir conhecimentos científicos e Ciência estuda e produz explicações (ou seja, não há verdade absoluta) sobre as causas dos fenômenos naturais e há outras ciências naturais, como Biologia e Física, estudando micro-organismos e modificações eletromagnéticas microscópicas a partir de inferências produzidas, não faz sentido dizer que o Behaviorismo se limitaria ao observável. Afinal, seguimos o modelo contemporâneos de ciência.

2. Mas você perguntará: mas como teremos certeza de que não são inferências apartadas da realidade dos fatos? Bom, fazemos diversos experimentos em laboratórios com animais humanos e não-humanos para vermos se a nossa conceituação condiz com as modificações esperadas.

3. Não é preciso de consenso acadêmico, é preciso de dados que comprovem que a afirmação do colega cientista está equivocada ou se condiz com os fatos estudados. Enquanto seu experimento for válido, ou seja, não for refutado por outros experimentos, este conhecimento será válido.


"Mas que papo mais chato sobre blá blá blá científico... Eu quero saber como entender a loucura das pessoas!". 

Bom, apesar de outros temas se apresentarem como mais empolgantes, é preciso compreender que existem preconceitos quanto ao que é Ciência nos cursos de Psicologia e estudar sobre isso para podermos dialogar com nossos colegas e sanar os maus-entendidos.

Sendo assim, esperamos que tenha ficado claro que:
1. Não nos limitamos a estudar apenas eventos observáveis (por isso ainda escreverei sobre os Eventos Privados),
2. Não temos uma resposta absoluta e imutável sobre o comportamento humano (tudo depende da análise de contingências), 
3. Não dependemos da comunidade acadêmica aceitar nossa proposição ou não (basta provar com experimentos que sua afirmação é válida), 
4. Não negamos eventos internos como sentimentos, emoções, memória,  compreendemos que são comportamentos e podem ser estudados por meios científicos e não devem ser tratados como substantivos, ou seja, como serem ontológicos, mas como atividades, feitas pelo organismo, que as mantêm.

E fechando com chave de ouro, pra não dizer que behaviorismo não é poético:


Não existe o amor, aquela coisa passiva, que dizem que uma hora acaba, uma entidade efêmera.
Existe o amar, comportamento, uma atividade a dois (mesmo que separados pela distância), que só existe enquanto ambos agem em prol desta relação... Comportamental!

Nenhum comentário:

Postar um comentário