quinta-feira, 3 de abril de 2014

Afinal, o que é uma Contingência?

"SE está chovendo, ENTÃO é mais provável que eu saia de casa de guarda-chuva"
Acredito que já devem ter percebido que, para se compreender alguns processos comportamentais, é preciso a articulação de alguns conceitos centrais. Sendo assim, hoje nós iremos falar sobre o que é uma Contingência.
Basicamente, contingência em Análise do Comportamento é a forma pela qual explicamos que determinado evento ambiental está relacionamento com a mudança de comportamento e/ou manutenção de padrão comportamental de um organismo.

O que isso quer dizer? Quer dizer que buscamos explicar os comportamentos seguindo afirmações do tipo se... então... mas não de maneira pura e simplesmente mecânica, mas probabilística.

Por exemplo: 
1. SE chover ENTÃO é mais provável que eu leve um guarda-chuva e use-o.
2. SE eu estudar ENTÃO é mais provável que eu tire nota 10.
3. SE eu trabalhar ENTÃO é mais provável que eu receba meu salário.

Porém, há pessoas que dirão que o comportamento é algo impossível de se determinar causas exatas. É coerente dizer que não podemos determinar com exatidão as causas de um comportamento, mas é possível traçar determinadas regularidades e probabilidades de ocorrência. Por exemplo, é muito comum que possamos prever reações de amigos baseado na forma como vimos eles agirem em determinados momentos. Quando dizemos, por exemplo, que alguém é chato não estamos nomeando uma propriedade do comportamento, muito menos da pessoa, mas fazendo uma descrição (topográfica) de como  pessoa costuma agir e as consequências que seus comportamentos causam.

Mas, prever comportamentos não tem relação (apenas) com a regularidades topográficas do comportamento, mas com a função (principalmente). Uma pessoa pode se comportar de modo gentil em diversos contextos, mas com funções bem diferentes. Por exemplo: uma criança é gentil com seus pais, porque o educaram rigidamente para se comportar assim; já em contexto escolar, a criança é gentil, porque assim obtêm mais atenção da professora; já com os colegas, não é nada gentil, pois evitar ser motivos de chacota.

Então chegamos a um ponto importante, para analisar comportamentos é preciso:
1. Atentarmo-nos em que condições o comportamento ocorre ou não (na presença dos pais, na presença da professora, na presença dos colegas?);
2. É preciso analisarmos o próprio comportamento (o menino se comporta de que modo: gentil ou não?); e, por fim,
3. Quais consequências ocorrem (evitar que os pais o repreendam, ter maior atenção da professora ou evitar que os colegas façam chacota).

A esta organização explicativa, chamamos de Contingência de Reforço (ou Tríplice Contingência) e nos ajuda a fazer Análises Funcionais dos comportamentos, ou seja, ajudam a criar modelos explicativos de "se...  então...". SE o menino está na presença destas pessoas ENTÃO é mais provável que ele se comporte assim, POIS são estas as consequências que afetam seu organismo. São as consequências que determinam a função do comportamento e são a elas que nós devemos nos atentar, em vez de nos prendermos a forma como o organismo se comporta (topografia).

Resumindo: É a articulação entre estes três termos que nos ajudam a compreender os comportamentos humanos: (1) em que ocasiões ocorre, (2) como a pessoa age na ocasião e (3) que consequências seu comportamento gera. E são as consequências que determinam a função do comportamento. 

Assim, temos a Tríplice Contingência formada por: antecedente - comportamento - consequência.

As consequências que os comportamentos produzem são conhecidas como Reforço ou Punição e serão apresentados melhor futuramente.

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