terça-feira, 29 de abril de 2014

Agências de Controle, Mídia e Babaquices


Percebo que, atualmente, para nos posicionarmos politicamente sobre algo, temos que ter o maior cuidado, ou pisaremos em uma casca de banana. É sobre isso que esta postagem trata.
Esse cuidado em nos posicionarmos não deveria se dá pelos rótulos antiquados de Direita ou Esquerda, pois na atual condição social em que vivemos não há porque vibrar com este binarismo patético. Não é nem jogo do Palmeiras contra Corinthians... 

Política tem haver com projetos de sociedade e, bem sabemos, o muro de Berlin deixou bem claro que não há mais distâncias entre Oriente e Ocidente. Aliás, porque não ler o livro Novo Espírito do Capitalismo pra entender que as maiores campanhas publicitárias com fins lucrativos de hoje se pautam em valores defendidos pelo que eram antes valores tidos como apenas de Esquerda. Mas, publicidade não é sinônimo de Capitalismo/Liberalismo, tem haver com propaganda e isso Hitler, em seu modelo socialista, também usou.

Pior ainda é quem acha que o modelo político chamado de Anarquismo é sinônimo de baderna. Dá vontade de mandar o pessoal estudar, mas isso pode parecer extremamente deselegante... Então façamos como os Pinguins de Madagascar: Sorria e acene!


Bom, então, mais uma vez novamente de novo, Política não deve ser tratada como disputa binária, por mais que estes modelos ainda existam em muitas cidades interioranas. Política tem relações com modelos de sociedade e de propostas a serem cumpridas que sigam em direção a este modelo de sociedade. Na verdade, muitos teóricos da filosofia política dizem que vivemos em um período extremamente apático, pois TODOS os modelos utópicos morreram... Discordo, ainda exite um modelo utópico muito interessante e pautado em uma Ciência do Comportamento: alguém chuta de que modelo estou falando?

Sim, estou falando do modelo de Sociedade e Escola defendido por B. F. Skinner. Mas, infelizmente, todos só se lembram dele por meio de anti-propagandas, como dizer que o filme Laranja Mecânica é sinônimo de Behaviorismo Radical ou que somos um modelo fascista de Psicologia, porque usamos a palavra controle. (Não será hoje que falarei de controle de modo mais explicado, mas quando eu falar em controle, leiam influencia ou aumenta ou diminui probabilidade de ocorrência).


Enfim, voltando aos termos mais técnicos analíticos-comportamentais. As Agências de Controle são descritas no livro Ciência e Comportamento Humano, de Skinner (praticamente uma bíblia para nós behavioristas), e Agências de Controle dizem respeito a determinadas controles éticos que um grupo exerce sobre seus membros. Porém, este controle ético que é exercido pelas Agências de controle são bem mais organizadas do que o grupo como um todo, pois dizem respeito a um conjunto de particular de variáveis, como, por exemplo, família, escola, leis, partidos políticos, etc.

Estes grupos pressupõe determinadas condutas, pois na história de determinados grupos estas condutas foram bem sucedidas e foram passadas entre gerações. Gerações não diz respeito a passagem de tempo e nem de faixas etárias, diz respeito de como uma Cultura (ou Prática Cultural) é passada de uma pessoa para outra. Ou seja, é quando um grupo de práticas é ensinado a outra pessoa. Porém, nem toda Cultura é selecionada pelo seu poder de sobrevivência do grupo ou sobrevivência da espécia. A Cultura pode ser selecionada por um determinado grupo menor que deteve maior poder financeiro ou armamentário, e assim subjugou os demais, seja por meio de um controle carismático (por meio de reforçamento), seja por meio da força (controle aversivo).


No todo, estas Agências de Controle prevem punições para os comportamentos por elas julgados inadequados e reforços para os comportamentos julgados adequados. Sendo assim, é provável que a policia vá te prender por danificar o patrimônio público em vez de te prender por fazer coleta seletiva de lixo.

Por mais que em nossos exemplos sobre controle do comportamento humano mostremos o controle exercido por uma única variável, o comportamento humano é multideterminado. Ou seja, pode ocorrer que, por exemplo, estejamos sobre o controle de múltiplas variáveis ambientais e, dentre elas, múltiplas Agências de Controle. Assim, como podemos ver na polêmica campanha desta semana, nossos comportamentos estavam sobre controle de diversas variáveis, dentre elas o #somostodosmacacos.


A Mídia tem se tornado popularmente conhecida como o Quarto Poder, que é uma alusão aos outros três Poderes instituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso quer dizer que a Mídia tem funcionado como uma forte Agência de Controle do comportamento humano, assim como as Leis e o Governo vem exercendo no decorrer dos anos. Mas, a Mídia muitas vezes é influenciada por outra grande agência de controle, a Economia. Deu pra perceber como a situação é complexa?


Pois bem, notadamente, a Mídia tem servido como agência que sinaliza que determinados produtos ou atitudes serão reforçadas no seguir dos anos. Por exemplo, determinada roupa é tida como tendência. Essa tendência faz com que as pessoas vão em busca de comprá-las e usá-las pelo seu valor reforçador social. Legal né!? Então, o Controle ocorre a todo tempo, mesmo nas horas que acreditamos que estamos sendo extremamente autônomos, como escolher ou não beber Coca Cola. Mas, escolher não beber Coca Cola pode ter relações com outras fontes de controle: ter histórico de gastrite, por questões religiosas, por questões político-econômicas, etc. Como diria o tio Marx, somos animais humanizáveis e que somos determinados por nossa história, no caso da visão behaviorista, somos determinados pelo nossos histórico de reforçamento.

Então, a grande questão: porque estamos sendo tão babacas ao nos posicionarmos nas redes sociais? Porque nossos comportamentos vem sendo reforçados com um likezinho. Isso mesmo! Nossos comportamentos de postar no Facebook notadamente é relacionada com a probabilidade recebermos um like
Olhem só:

1. As pessoas que se dizem de Direita postam indiretas para as pessoas que são de Esquerda e normalmente é xingando-as de tapadas ou que acreditam em uma filosofia social falida;
2. As pessoas que se dizem de Esquerda postam indiretas para as pessoas que são de Direita e normalmente é xingando-as de burguesas e reacionárias;
3. Nem todas as pessoas que se dizem de Direita ou Esquerdam compreendem o que estas correntes políticas querem dizer, nem sabem diferenciar Teocracia de Teologia;
4. Nem conseguem diferir o que é uma Talassocracia de uma Oligarquia, ou mesmo definir uma linha histórica do modelo de Democracia adotado pelo Brasil ou saber que modelos filosóficos influenciaram nosso Direito Constitucional...

Enfim, não compreendemos quais foram as condições que determinaram muitas das Agências de Controle que controlam nosso comportamento. Assim, desconhecemos as condições que controlam nosso comportamento, seguimos apenas a vibe que está sendo reforçada. Por exemplo, lembram das mobilizações de junho de 2013? O Estadão apresentou uma reportagem que dizia que "No terceiro protesto, os jovens e adolescentes que não tivessem em sua timeline do Facebook uma foto na passeata estaria cometendo suicídio social. Seriam os fracassados da escola.". Viram o controle ético dos grupos e Agências de Controle



Então, nossa prática cultural de nos indignarmos foi selecionada. Porquê? Por que foi reforçada nas redes sociais/mídias. E, em muitos casos, acontecem posicionamentos que são verdadeiras barbáries! São posicionamentos extremamente degradantes de pessoas que acham saber algo sobre Política, Economia, Sociedade, etc. No entanto, não quero aqui defender que para se posicionar politicamente você tenha que ter lido O Capital, de Marx, ou A Riqueza das Nações, de Adam Smith, mas que façamos uma breve análise de que controle ético exerceremos diante os demais colegas de viagem neste planeta azul chamado Terra. É um posicionamento responsável?

Estamos mesmo fazendo um bom uso do nosso Comportamento Verbal, analisando que contingências e consequências a longo prazo determinado posicionamento sinaliza? Estamos nos comportando de modo a construir uma Cultura que nos faça sobreviver? Cultura autossustentável? Que prese pelo bem-estar de todos? Ou simplesmente estamos copiando e colando modelos caquéticos de jovens cult bacaninha que arrotam que lê Machado de Assis, que ouve Chico Buarque, que odeia caviar, mas ama um vinhozinho chileno e finge ser entendido de mundo?


E para finalizar e mostrar que alguns posicionamentos pretensamente inteligentes (#somostodosmacacos) não são: NÃO somos macacos, apenas descendemos de um ancestral em comum! E eu prefiro os Bonobos =)

Agora, uma pausa para nossos patrocinadores:


#SomosTodosBananas

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