terça-feira, 27 de maio de 2014

Armadilhas de Reforço - "É só um pedacinho de bolo..."


Sabe aquela situação em que você tenta, tenta e tenta, mas não consegue fazer uma dieta? Ou aquela que você tenta de toda forma evitar beber ou fumar? Ou ainda, você decide que vai ter uma vida mais saudável e atlética e não rola, você simplesmente compra roupa de acadêmia e vai apenas uma vez? Pois bem, nestas situações podem ocorrer as chamadas de Armadilha de Reforço.

Antes de mais nada, sabemos que o Reforço tem alguns efeitos sobre o comportamento e dentre eles o de controlar o comportamento. Sendo assim, no entanto, há reforçadores que tem efeitos mais imediatos do que outros, que tem efeitos mais atrasadas. É dentro deste contexto que Baum (no seu livro Compreender o Behaviorismo) explica porquê falhamos ao seguir regras de Autocontrole.

Falhamos em seguir regras de Autocontrole porque quanto mais próximo temporalmente for o reforço ao comportamento, mais provável será a ocorrência do comportamento em detrimento de outros. Isso ocorre porque, na história de nossa espécie, consequências imediatas tiveram mais valor de sobrevivência do que consequências atrasadas.


Por exemplo: aqueles que reagiam mais rápido a ataques de predadores sobreviviam mais. Aqueles que se alimentavam mais de determinado alimento rico em açúcar ou gordura sobreviviam mais. Etc. Etc.

Sendo assim, normalmente, as Armadilhas de Reforço são contingências de reforçamento que a curto prazo são notadamente prazerosas, mas que a longo prazo podem ter valor punitivo e causar danos ao organismo. Dentro deste contexto, apesar de sabermos ou, como dizem, termos consciência dos efeitos nocivos que algumas de nossas práticas diárias acarretam continuamos a fazê-las pelas consequências imediatas e reforçadoras que este hábitos têm.


Deste modo, não faz sentido reforçarmos as crenças populares de que "Quem não segue regras ou se autocontrola é fraco". Cada um de nós é mais ou menos sensível a determinadas contingências do que outras e esta sensibilidade está relacionada com nossa história individual, nosso histórico de reforçamento.

É por este motivo que, ao interagir com profissionais de saúde em contexto relacionado a excesso de peso, friso que não é simplesmente dizer que a resolução do problema é pura e simplesmente passar a comer mais frutas do que doces. É preciso pararmos e olharmos para nosso próprio hábito alimentar para compreendermos como também é difícil aos usuários fazer tais modificações. Então, focamos nas variáveis que se relacionam com o comer muito ou inadequadamente...

Fazer isso evita com que nos comportemos em função de regras (pejorativas) 
sobre os usuários e nos voltemos as contingências (modificar seu ambiente)...

Por fim, simplesmente descrever consequências a curto e longo prazo não indica soluções para as Armadilhas de Reforço. É preciso analisar funcionalmente de que maneira a consequência mantêm determinado comportamento, por exemplo, é por reforço positivo ou negativo, primário ou secundário?

Salivou?
Mas segue umas dicas básicas de Autocontrole:
1. Observe em que situações é mais provável de você comer mais; (comer mais em dias de prova)
2. Analise que consequências selecionam tal comportamento; (alivia ansiedade)
3. Observe se em situações parecidas você comeu menos e o que mudou entre um momento e outro; (digamos que ao estudar na presença de um amigo você coma menos)
4. Adote a estratégia indicada pela segunda observação; (passa a estudar mais na presença de um amigo)
5. É sempre bom ter um controle social que não esteja fazendo dieta, pois esta pessoa não estará sob privação de alimentos gostosos e poderá ajudar você a evitar certos alimentos;
6. Não faça estas dietas prontas e loucas que estão na moda ou na internet.

O modelo acima é apenas para controlar determinadas condições em que ocorrem excessos alimentares ou dificuldade em evitar estas Armadilhas de Reforço. Para que haja uma re-educação alimentar adequada, procure orientação com colegas NUTRICIONISTAS!

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