sábado, 3 de maio de 2014

O Controle e Previsão na Análise do Comportamento


Esta postagem tem como função falar do conceito que mais gera preconceitos frente a quem busca estudar Análise do Comportamento, então, falaremos do conceito de Controle do comportamento.
Antes de mais nada, é preciso compreendermos que há palavras que no senso comum desempenham funções bem distintas das funções desempenhadas nas diversas correntes de filosofia, por exemplo sensualismo, idealismo e materialismo...

Deste modo, a linguagem empregada por B. F. Skinner tem influência direta da linguagem experimental. A opção feita por ele de usar este tipo de linguagem era uma busca por situar o Behaviorismo Radical dentro das Ciências da Natureza. Ou seja, ele defende que podemos explicar as causas do comportamento humano e comportamento de outros animais por meio de leis científicas, como as leis da Física e Química.

No entanto, é importante lembrarmos que estas leis não são eternas e imutáveis. É um dos princípios da Analise do Comportamento que suas formulações científicas sempre sejam postas a prova e testadas, pois do contrário, estaríamos lidando com um dogma. E Ciência não se faz com dogmas, Ciência é feita por meio de hipóteses devidamente testadas. Como diz Skinner: Não existe verdade eterna. Experimente.


Voltando, Controle não diz respeito de uma relação imutável entre dois eventos. Controle diz de uma relação de dependência entre dois eventos dentro de determinadas condições. Dito de outro modo: Controle diz respeito ao modo como uma determinada variável influencia outra determinada variável.

Por exemplo: é mais provável que o meu comportamento de comprar sorvete ocorra em uma sorveteria do que em uma cafeteria. No entanto, nada impede que eu pergunte ao vendedor se vendem sorvete na cafeteria...


Assim, o Controle não é o mesmo que manipulação no senso comum. Quando tentamos controlar algum evento ambiental ou alguém, o que fazemos não é manipular mecanicamente estes eventos. Não é manipular opressivamente o meio ambiente ou os outros.

Por exemplo: se eu sinto calor, o modo pelo qual eu controlo as variáveis que diminuirão este calor são diversas. Dentre elas, eu posso ligar o ar condicionado ou ventilador, ou mesmo tomar banho. Em outros casos, quando não estou em minha casa, posso pedir com gentileza que meu amigo ligue o ar condicionado ou ventilador de sua casa, ou mesmo que eu peça para banhar-me ou tomar um copo d'água.


Os exemplos acima são exemplos de Controle e, como vimos, não há nada de espetacular ou violador neles. O Controle existe independente de que acreditemos nele ou não, independente que aderimos ou não ao Behaviorismo Radical. Não há como negar a relação de dependência entre eventos, assim como não há como negar que se o céu está nublado, é muito possível que vá chover... Mas para chover, não depende só de nuvens no céu, mas da pressão do ar, densidade das nuvens, etc.

Deste modo, também, o Comportamento humano é multideterminado e é impossível controlá-lo com 100% de precisão. É impossível influenciá-lo com 100% de precisão. A Análise do Comportamento busca compreender as relações históricas entre os seres vivos e seu ambiente em busca de regularidades e dependência entre eventos para, então, fazer modificações no ambiente de modo que ou elimine os comportamentos-problemas ou ocorram as soluções adequadas/esperadas.


Mas para Controlar é previso Prever.

A busca por uma Previsão do comportamento não é um ato de dominação. A busca pela Previsão do Comportamento é um ato ético, pois é a partir da verificação de regularidades do comportamento que poderemos propor a melhor solução dos problemas humanos. É por meio da Previsão do comportamento que diminuiremos as inconstâncias e falhas que a proposição de uma intervenção descontextualizada com o problema possa produzir. Evitamos assim, na verdade, produzir danos aos assistidos. O modelo de Controle e Previsão do comportamento são posturas éticas profissionais de propor intervenções com maior responsabilidade ética e científica possível.


É partindo desse princípio ético que existem as Pesquisa e Práticas Baseadas em Evidência, mas essa conversa fica para outro momento.

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